domingo, 27 de abril de 2008

Melhor idade com tudo em cima

Por Thiago Terra

Andar pela praça no final da tarde, tomar o chá das cinco, ver TV e ler livros. À primeira vista estas são características de pessoas idosas. Um estudo recente feito pela Quorum Brasil avaliou o comportamento do consumidor da terceira idade e foi comprovado que esta constatação não é verdadeira. Além da pesquisa, estudos dizem que os idosos terão vida longa e os jovens de hoje, mais ainda. Neste caso, as empresas precisam pensar na grande massa de idosos que vai habitar o planeta daqui a 20 anos, segundo o responsável pelo instituto que fez o estudo.

A Melhor Idade gera bons negócios para diversos tipos de produtos e serviços. O turismo é um dos principais. A procura da terceira idade por passeios e viagens tanto no Brasil quanto no exterior podem ser conseqüência da disponibilidade de tempo e de verba deles. Segundo a pesquisa da Quorum, 42% dos homens e 29% das mulheres idosas escolhem destinos turísticos como a segunda opção de atividades praticadas freqüentemente.

Há, portanto, uma infinidade de oportunidades para empresas hoteleiras, agências de viagem, companhias aéreas e marítimas para investem em campanhas, ações e promoções para a Melhor Idade. É verdade que algumas destas empresas fazem pacotes especiais com roteiros e destinos especiais para este público, mas não são apenas as companhias do setor privado que tratam os clientes idosos “a pão de ló”. O Governo, através do Ministério do Turismo, também está de olho neste nicho de mercado grisalho e já desenvolveu programas direcionados à terceira idade, como o Viaja Mais Melhor Idade.

Palavras e comportamento mudam com o tempo
A principal diferença de comportamento de consumo no Brasil entre o idoso e o consumidor de meia idade é que o primeiro não busca mais comprar uma casa, ter filhos, cursar uma faculdade, entre outras, porque ele já passou desta fase. De acordo com Cláudio Silveira, Diretor da Quorum e responsável pela pesquisa, viagem é o grande sonho de consumo do público brasileiro em geral. “Enquanto o consumidor está na idade produtiva, ele tem desejo pelo que ainda não construiu. Depois de alcançar este objetivo ele quer viajar e o idoso não é diferente”, conta o executivo em entrevista ao Mundo do Marketing.

O comportamento de consumo da terceira idade se baseia no prazer proporcionado pelo produto ou serviço. Eles buscam fazer o que não fizeram no passado e estão menos ligados ao consumo e mais ao prazer. “O consumo da melhor idade é feito no dia-a-dia, como cuidados com a beleza, medicina preventiva, entre outros”, diz Cláudio Silveira, da Quorum Brasil.

Pesquisa e Governo surpreendem
De acordo com a pesquisa, a terceira idade ainda tem muitos desejos a realizar e conhecer o Brasil é o mais relevante deles, com 58%. A intenção da Quorum foi entender o estilo e o comportamento dos idosos de classe AB. O consumo material atingiu apenas 9%. Aventuras - como saltar de pára-quedas - somam 33% da preferência dos idosos que participaram da pesquisa.

O Ministério do Turismo apresentou em 2007 o Viaja Mais Melhor Idade. O projeto foi desenvolvido também para incentivar o turismo interno. “Uma das fragilidades do turismo brasileiro é a sazonalidade. Enquanto temos sol e dias propícios a ir a praia, os destinos no litoral ficam cheios. No inverno todos eles ficam vazios e é aqui que entra o público da terceira idade”, explica Jurema Monteiro, Coordenadora de segmentação do Ministério do Turismo.

Na primeira etapa, entre setembro e dezembro de 2007, o projeto trabalhou com a venda de pacotes que partiam somente de São Paulo e Distrito Federal, para 13 estados, com meta inicial de venda de 7 mil pacotes. “O resultado alcançou 9 mil pacotes vendidos, o que deu mais força para a ampliação do projeto em 2008”, aponta Jurema. Este ano o Viaja Mais Melhor Idade já está na segunda etapa e dispõe de saídas em 12 estados, ganhando amplitude nacional.

Serviços segmentados ganham credibilidade
Por falta de atividades segmentadas para este público, eles se organizam para viajar com mais freqüência. “Para buscar a proximidade dos idosos é preciso criar mecanismos que simplifiquem o deslocamento deles até o destino”, resume Manoel Carlos, Diretor de Marketing e Vendas do Rio Quente Resorts.

Tanto em igrejas como em clubes da terceira idade, o público senior gosta de estar próximo a pessoas conhecidas e participando de atividades diversas. “O ideal é construir um serviço que eles precisam e não se adaptar a outros já existentes. Em uma academia, por exemplo, não é um professor jovem e musculoso quem deve orientá-los, mas sim um fisioterapeuta”, analisa o Diretor de Marketing e Vendas do Rio Quente Resort.

Não é à toa que o Rio Quente Resort investe em programas e produtos diversificados para a terceira idade. De acordo com a pesquisa da Quorum, o nível de consumo deste público é bastante equiparada com os consumidores de idade média, principalmente por ser mais despreocupado com gastos. Normalmente este público tem mais despesa em restaurantes e viagens em grupo e, por isso, o Rio Quente Resort caracteriza a terceira idade como “Idade de Ouro”.

Quebra de estereótipos
Este mês o Rio Quente anuncia uma programação com atividades sob medida para a terceira idade, que chega a comportar aproximadamente 1.200 pessoas. Em setembro é a vez dos senhores e senhoras de cabeça branca participarem das Olimpíadas de Ouro. Segundo Carlos, o público a partir dos 60 anos representa 9% do volume de negócio do Resort.

Uma das freqüentadoras mais assíduas do Rio Quente Resort, Lucia Campos, de 70 anos, explica o motivo da constância. “Lá a água das piscinas é quente, o atendimento é muito bom e nos sentimos acolhidos, ainda mais porque participamos de um grupo há muitos anos”, diz a esposa do Sr. Neto do Pandeiro, figura também querida e assídua do Rio Quente Resort. Aliás, o casal já reservou seis pacotes para o Resort em 2008.

Engana-se quem pensa que a ida do grupo de idosos ao Resort é marcada pela calmaria, pouca agitação ou salas de repouso. Shows ao vivo todas as noites, pista de dança, caipirinha e cerveja gelada são itens que não podem faltar na hora do lazer de Lucia e Neto. Para ela, o que faz a diferença na escolha de um produto ou serviço é a qualidade. “O que me influencia na hora de escolher é a qualidade. Antes era o preço, mas hoje estou mais tranqüila quanto a isto. Com qualidade tudo dura mais”, afirma Lucia Campos, em entrevista ao site.



Fonte: http://www.mundodomarketing.com.br/materia.asp?codmateria=3768

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