quarta-feira, 23 de abril de 2008

Seja dono e não escravo de sua própria empresa

Por Marcelo Cherto

A empresa que foi o embrião da consultoria em Canais de Vendas que hoje dirijo foi criada por mim e um sócio em 1986. Durante os primeiros nove anos, cuidávamos pessoalmente de tudo o que era relevante, transformando nossos colaboradores em meros coadjuvantes. Não o fazíamos por mal. Apenas acreditávamos que ninguém seria capaz de fazer as coisas tão bem como nós.

Com a saída do sócio, a coisa ficou pior. Tornou-se evidente que eu não era dono da minha própria empresa, era escravo dela. Se saísse de férias, as vendas caíam. Se não estivesse envolvido em cada detalhe de cada projeto, seria um desastre. Afinal, “ninguém fazia as coisas como eu”. E, como o dia só tem 24 horas e o ano só tem 365 dias, estava condenado a ter para sempre uma empresa pequena, já que havia um limite para o número de projetos que eu conseguia captar, executar e entregar, mesmo que trabalhasse - como cheguei a trabalhar - todos os finais de semana. Eu vivia o pior dos mundos.

Foi quando um livro mudou minha vida, mostrando um caminho que estava na minha cara, mas eu conseguia ver, de tão ocupado que andava com o dia a dia. Meu pai dizia que quem trabalha demais não tem tempo de ganhar dinheiro. Quer saber? Ele estava 100% certo.

O tal livro foi The E-Myth, de Michael Gerber, que prega que toda empresa deve ser estruturada como se fosse a unidade-piloto de uma rede de franquias, ainda que seu dono não tenha a menor intenção de um dia franquear o negócio. Ou seja: o empresário precisa definir e padronizar os processos mais relevantes relacionados à operação e gestão do negócio, de modo que possam ser replicados em outros lugares, por outras pessoas, sem que seja necessário o envolvimento direto do fundador.

Estruturar a empresa dessa forma dá ao empreendedor condições de se afastar de tarefas que podem ser desempenhadas por outros e investir seu recurso mais escasso e precioso - o tempo - em atividades na quais seu envolvimento de fato faz a diferença, como sonhar e planejar o futuro, identificar novas oportunidades e criar novos produtos e novos negócios.

Acredite, o dono não precisa nem deve trabalhar o tempo todo NO negócio. Ele gera mais valor, para si, sua equipe, seus clientes e para a comunidade, trabalhando O negócio.

Custou, mas aprendi a delegar mesmo as tarefas mais críticas. E descobri que meus novos sócios e nossos colaboradores são capazes de fazer muitas coisas bem melhor do que eu. Hoje, invisto a maior parte do meu tempo no desenvolvimento e viabilização de novas estratégias, novas soluções e novas oportunidades, tanto para nossos clientes, como para nós mesmos. Neste momento, estou envolvido na criação de uma nova empresa dedicada a vender franquias, de loja de rua para vender essas franquias, de um programa de TV e de uma divisão do Grupo Cherto dedicada a prestar serviços de consultoria, a preços competitivos, para pequenas e médias empresas.

Tenho tirado férias com a família. E viajado para o Exterior para fazer cursos, proferir palestras, participar de eventos e fazer benchmarking. Sem medo de que minha empresa pare, pois sei que ela pode funcionar sem mim. Dedico-me cada vez mais a sonhar o futuro que quero para ela e para nossos clientes. E a fazer as articulações necessárias para assegurar que chegaremos lá. Posso investir tempo na definição de rumos e na criação de novos produtos e novos negócios. Que é aquilo que um empreendedor como eu sabe fazer. E gosta de fazer.

Só que todas essas inovações já saem estruturadas para não dependerem diretamente de mim. Ser escravo de minha própria empresa? Nunca mais!


Fonte: http://www.franquia.com.br//index.php?option=com_content&task=view&id=540&Itemid=116

Nenhum comentário: