sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Tecnologia e adolescente faz rádios mudarem

No momento que a comunicação atravessa no Brasil e no mundo, percebemos cada vez mais que a tecnologia caminha lado a lado a ela. A chegada da Internet e a implantação de sistemas digitais ofuscam um dos mais tradicionais meios de comunicação: o rádio. Objeto de desejo há 50 anos, o rádio chegou a ser questionado quanto a sua existência com a chegada das novas mídias. Mas ele não deve morrer tão cedo.

Empresas do setor sintonizaram suas estratégias para manter o ouvinte ligado na programação e hoje o rádio continua sendo – mesmo que em menor escala - um companheiro diário de públicos diferentes. Se a tecnologia atual permite que o consumidor navegue na Internet de qualquer lugar do mundo, as ondas do rádio estão cada vez mais próximas dos jovens ouvintes.

Não é de hoje que emissoras de rádio fazem programações voltadas ao público jovem. Para mantê-lo fiel e sintonizado, as empresas notaram que era preciso fazer mais do que uma programação atraente. Para conquistar o público jovem, algumas rádios desenvolvem pesquisas, ações e campanhas segmentadas. Tudo é pensado para que o ouvinte jovem não lembre de ligar o mp3 Player ou o Ipod para ouvir as músicas favoritas.

Rádio a serviço da juventude
Uma das freqüências que transmite som para a juventude moderna é a Metropolitana FM. A rádio passou por uma reformulação em 1996, quando Jácomo Sanzone (foto), com apenas 15 anos, passou a fazer parte do planejamento e programação da rádio junto com seu irmão, que na época tinha 17 anos de idade. Se no comando das ações e estratégias havia jovens, logo a rádio direcionou o foco neste público.

Ao longo de sua jornada, Sanzone percebeu as mudanças tanto no comportamento do ouvinte quanto nas mídias mais assistidas pelos jovens. Segundo o executivo, este público hoje é antenado em todas as tendências, diferente de alguns anos atrás quando existiam tribos musicais. “A Metropolitana não se comprometeu com a música, mas sim com o jovem”, diz Jacomo Sanzone, Diretor Comercial da Metropolitana FM. Através de pesquisa qualitativa, a rádio cria e mantém o diálogo com os adolescentes, que opinam sempre na programação e nas ações promocionais.

Assim como existem as mudanças de posicionamento, outras rádios já nasceram com o DNA juvenil. Exemplo disso é a Mix FM que cresceu como rádio jovem, de acordo com Marcos Vicca (foto), Diretor Artístico da rádio. O projeto começou a se desenhar quando um grupo que já trabalhava com alunos de 1º grau e universidade, adquiriu a rádio. Com 80% da equipe formada por jovens, a Mix FM faz o planejamento de comunicação em pontos estratégicos. “A linguagem da rádio deve estar alinhada ao público porque nada pode parecer estranho ao jovem”, explica Vicca em entrevista ao Mundo do Marketing.

Antenas para acompanhar a modernidade
Atingir o público jovem através de um veículo como o rádio, que não trás o viés da modernidade e da tecnologia, é tarefa difícil de ser cumprida e as dificuldades para chegar até este público estão longe de acabar. As constantes mudanças e impactos gerados pelas novidades tecnológicas do mercado faz com que o rádio também se renove sempre na busca pela antecipação de tendências e nas transformações do público.

Ligia Cervone, Gerente de Marketing da Rede Transamérica, vê o lado positivo no trabalho de caça às tendências. “O ponto positivo é que precisamos antever as tendências e, com isso, estamos sempre um passo à frente”, avalia Ligia. A partir da renovação e antecipação das rádios em busca dos anseios do ouvinte jovem, a transamérica concebeu portais de busca de preços, de download de músicas e conteúdo para celular.

O rádio continua vivo
A utilização de celulares que oferecem serviço de rádio aumenta entre o público que utiliza transporte público diariamente. Com a queda no preço dos aparelhos, cresce o número de pessoas que usam este aparelho para ouvir rádio e passar o tempo enquanto estão indo de um lugar para outro.
Fonte: Voltage.
Segundo Jácomo Sanzone, da Metropolitana FM, o jovem é exigente, não perdoa erros e é muito antenado com as novidades, principalmente da música. Com características de comportamento cada vez mais maduras, os jovens ouvintes obrigam as rádios a buscarem a todo custo a inovação. “É importante entender e saber que o rádio não dita as regras e não vai impor nada. Sabendo se comportar assim, a rádio participa do mundo deles e entrega o que eles querem”, explica Marcos Vicca, da Mix.

Rádio X Jovem
Para entender o relacionamento do jovem com veículos de mídia, a Voltage, empresa que faz pesquisa de percepção através do entendimento do comportamento humano, fez estudos deste público. O resultado mostra que a forma como o jovem ouvinte se relaciona com diferentes mídias está se transformando com o tempo e com a multiplicação dos meios de comunicação.

Este público também tende a ser mais seletivo. “Hoje o jovem tem diversas formas para se comunicar. Eles não precisam ver seus amigos pessoalmente e a comunicação entre eles é rápida”, conta Vicca ao site. O estudo da Voltage diz que a interatividade e a rapidez dos meios são valorizadas pelos jovens e a Internet hoje é um espaço de convivência para eles. Este seria um mau sinal para os rádios tradicionais, porém, quase todas já disponibilizam a programação on-line.

De acordo com a pesquisa comportamental da Voltage, cresce a preferência por rádios especializadas em um gênero específico de música. Esta é uma forma das rádios se diferenciarem do mp3 e do Ipod, já que o rádio leva informação àqueles que procuram bandas novas, informações sobre elas e outras novidades relevantes do mundo da música.

Retorno sobre investimento
A consolidação e a credibilidade da Transamérica FM veio através de sua ampliação por meio da interatividade. Hoje é comum o público jovem fazer uma divulgação espontânea em sites e blogs na internet. “A interatividade é maior quando se trabalha com o público jovem, gerando assim um feedback mais fiel de nossas ações”, aponta Ligia Cervone (foto), Gerente de Marketing da Transamérica.

É inegável que o retorno financeiro é importante para qualquer negócio. Para as rádios que buscam e trabalham para o público juvenil, o retorno vai além das cifras. Na Mix FM o público vibra, participa, reclama, elogia, defende e julga a programação e as promoções, de acordo com diretor artístico, Marcos Bicca. Na opinião de Jácomo Sanzone, Diretor Comercial da Metropolitana FM, a identificação do ouvinte com a rádio é um retorno importante e isto acontece porque o produto oferecido para ele não é só para consumo, mas também para interagir.


Fonte: http://www.mundodomarketing.com.br/materia.asp?codmateria=4150

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